Natal 2008!...

É Natal!...

Foi Natal!...

Já passou...

Um poema de David Mourão-Ferreira escrito em 1967, denunciava a guerra do Vietnam... e traduz aquilo que eu sinto, numa confusão de sentimentos que não sei ordenar em relação à situação nacional que ameaça constantemente os trabalhadores e os mais desfavorecidos; em relação à Paz Mundial ameaçada por interesses que ultrapassam a vontade soberana dos povos invadidos por outros povos... podemos pensar na Palestina, no Iraque, no Paquistão...

Este poema fala de um possível Natal e no Mundo...Este poema ainda é actual.

"Litania para este Natal

Vai nascer esta noite à meia-noite em ponto

num sotão num porão numa cave inundada

Vai nascer esta noite à meia-noite em ponto

dentro de um foguetão reduzido a sucata

Vai nascer esta noite à meia-noite em ponto

numa casa em Hanói ontem bombardeada

Vai nascer esta noite à meia-noite em ponto

num presépio de lama e de sangue e de cisco

Vai nascer esta noite à meia-noite em ponto

para ter amanhã a suspeita que existe

Vai nascer esta noite à meia-noite em ponto

tem no ano dois mil a idade de Cristo

Vai nascer esta noite à meia-noite em ponto

Vê-lo-emos depois de chicote no templo

Vai nascer esta noite à meia-noite em ponto

e anda já um terror no látego do vento

Vai nascer esta noite à meia-noite em ponto

para nos vir pedir contas do nosso tempo"

Na nossa simples vida podemos dizer que passamos um Natal quentinho e calmo com algumas pessoas da família, que com todas, ao mesmo tempo, não é possível.
Foi um bom Natal... Sem sermos ricos, apesar das dificuldades, podemos dizer que somos privilegiados no geral do povo português...
Natal!... Época de confraternização, de amizade, de Paz (?)...

Natal!... Época de hipocrisia...

Natal... e o dos outros?!...

Promove-se a caridadezinha e... fecham-se empresas... aumenta o desemprego; prometem-se melhorias de vida... e... a vida prevê-se cada vez pior e difícil...

Já foi Natal!

Há muito tempo que não escrevia!...

De Sophia de Melo Breyner Andersen
"Esta gente
Esta gente cujo rosto
Às vezes luminoso
E outras vezes tosco

Ora me lembra escravos
Ora me lembra reis

Faz renascer meu gosto
De luta e de combate
Contra o abutre e a cobra
O porco e o milhafre

Pois a gente que tem
O rosto desenhado
Por paciência e fome
É a gente em quem
Um país ocupado
Escreve o seu nome

E em frente desta gente
Ignorada e pisada
Como a pedra do chão
E mais do que a pedra
Humilhada e calcada

Meu canto se renova
E recomeço a busca
De um país liberto
De uma vida limpa
E de um tempo justo"

(...)

52 anos!...

É tarde, não tenho sono... há muitas coisas que quero escrever, mas preciso de sistematizar melhor as minhas ideias...

Não escrevo há muito tempo!...

Pensando nos momentos de um passado pessoal, ainda muito próximo, relembro o dia em que, na semana passasda, fiz 52 anos de idade e... essa data foi especial para mim!... Mais tarde voltarei a este assunto.

Relembro o carinho com que fui tratada na escola pelas colegas e pelos alunos(as) e não só os(as) da minha turma , mas a maioria das crianças da escola.

Ao longo da minha carreira de 33 anos de serviço, nos quais dei sempre o meu melhor, tenho tido momentos de grandes alegrias e de confiança, mas também momentos de desânimo, logo vencido pela determinação para cumprir o meu dever como profissional, do qual nunca estiveram de fora as várias lutas em que participei... e... participarei!

No entanto, é este carinho que sinto e não esqueço... Nunca!

Agora quero pensar na minha família, sem a qual provavelmente, não teria tido a força e a coragem de enfrentar alguns reveses que aconteciam... A minha família, companheiro e filho (que está a trabalhar em Lisboa) que sempre contribuiram para a minha estabilidade e para a harmonia que fomos construindo ao longo destes anos... e que tanto carinho me manifestaram nesse dia...

Também não esqueço como são importantes todos os outros elementos da minha família próxima e outras pessoas amigas.

Agora vou dormir, amanhã é dia de trabalho e tenho que o cumprir e há muito para fazer.

Uns dias em Paris... Que saudades!...

Foi bom, apesar do frio e da chuva!

Mas também é bom regressar para o nosso cantinho... para a nossa terra... para a nossa casa!

É bom recordar!

Marcha pela Liberdade e pela Democracia

Durante a Marcha em que participei ontem, recordei um poema musicado e cantado por Luís Cília, da autoria de Manuel Correia. Quero registá-lo.

"Resposta

A quem nos acusou por sermos fortes
a quem nos combateu porque a razão
se incendeia e revive à nossa beira,
respondo, não nascemos em Abril,
não somos um punhado nem cem mil
somos milhões e milhões na Terra inteira.

A nossa força vem-nos do trabalho
que tudo transforma e modifica,
que sempre nos fez faz irmãos
por isso nos unimos e avançamos.
A nossa luta tem mais de cem anos
escritos com fogo em nossas mãos.

Há quem nos tema, há quem nos ataque,
detentores de antigos privilégios
que hoje temem a nossa vitória.
E é natural que nos combatam
são eles dia a dia que nos matam
contra eles construimos nós a História.

Os símbolos que vão nesta bandeira
assustam quem nunca lhes pegou
quem nunca debulhou na nossa eira
quem antes e depois do mês de Abril
nos teme por não sermos só cem mil
mas milhões e milhões na Terra inteira

As imagens falam...

Poema em "Comício" (1934)

Vivam, apenas.

Sejam bons como o sol.
Livres como o vento.
Naturais como as flores.

Imitem as árvores dos caminhos
que dão flores e frutos
sem complicações.

Mas não queiram convencer os cardos
a transformar os espinhos
em rosas e canções.

E principalmente não pensem na Morte.
Não sofram por causa dos cadáveres
que são belos
quando se desenham na terra em flores.

Vivam, apenas.
A Morte é para os mortos!

José Gomes Ferreira

Foi há cinco anos

Foi há 5 anos que nos deixaste, Pai (papá, como te chamava).
Com o passar do tempo sinto a falta que fazes, embora eu tenha sido uma filha "rebelde" contigo...
No entanto, eu sou muito parecida com o que tu eras/foste, mas também diferente.
Guardo em mim, de ti, a generosidade e o altruísmo; as convicções políticas e sociais; a sensibilidade perante os acontecimentos que vão surgindo... Penso que sou mais tolerante do que tu foste (pelo menos para mim).
Não te estou a acusar... porque te amei e amo muito, e é com os defeitos e qualidades que todos temos que se fazem as proximidades e se estreitam os laços que promovem as grandes amizades e os grandes amores nas suas variéveis vertentes.
A saudade é grande... Também houve momentos em que eu não soube entender-te e radicalizei atitudes que te fizeram sofrer...
A saudade é grande... mas sinto a tua presença quando olho para trás e equaciono a minha vida, quando penso no passado.

Ano Novo - Vida Nova...

Já devia ter escrito ontem, mas não tive tempo!...

Começa,hoje o ano de 2008!

Como foi o de 2007?

Foi um ano de família, um ano de amizade, um ano de contratempos, um ano de muito trabalho, um ano de lazer e descanso, um ano de alegrias (O David acabou o curso), um ano de agravamento das condições sociais e de aumento da precriedade da vida dos trabalhadores e das trabalhadoras e por isso, um ano de muitas lutas.

Como será 2008?

O que eu espero?

Bem, em primeiro lugar, espero que os anseios do meu filho se concretizem... Que ele arranje um emprego e, se possível, estável... muito estável... e que ele se torne um profissional digno, empenhado, atento e lutador.

Em segundo lugar espero que a nossa saúde se mantenha dentro do possível, boa, permitindo-nos continuar ser profissionais empenhados,lutadores e continuar a nossa partilha de vida de uma forma harmoniosa (apesar de alguns arrufinhos).

Em terceiro lugar, faço votos pessoais:

Quero firmemente deixar de fumar... outra vez, dirão algumas pessoas... o que é certo é que já deixei, noutras alturas...

Quero voltar a estudar (para mim)... Tenho que ser mais organizada...

Quero ler muito... Já o faço regularmente... umas vezes, mais... outras vezes, menos... mas leio!

Quero emagrecer... ter mais cuidado por causa da tensão arterial, dos valores do colesterol e dos triglicerídeos... será que vou conseguir?... Sou tão gulosa...

Quero um país mais justo... Vou fazer o que estiver ao meu alcance participando nas lutas de uma forma organizada, continuando a militância, mesmo que algumas tarefas sejam menos do meu agrado...Só assim acredito que é possível mudar e inverter a direcção em que o país anda.

"Senhores do alto império (que) prometeis um Mundo Novo..." o Mundo Novo é possível, mas não é a chamar regalias aos direitos que os trabalhadores conquistaram com o 25 de Abril de 1974. Então o que é a concentração do capital nas mãos de alguns e a pobreza a invadir os lares de tantos? - Regalias? também não são regalias... pior que isso, chama-se exploração dos seres humanos mais vulneráveis, mas que, quando quiserem podem, um dia, ser o motor, das grandes mudanças sociais...Os direitos estão a ser ameaçados há muito tempo, continuam a fechar serviços de saúde... É urgente que isto mude e em 2008 mudará? Provavelmente a diferença não será grande, mas vamos tentar com a nossa postura e determinação, inverter este rumo.

O País envereda pela demagogia da caridadezinha... Alguns(as) jovens, através de movimentos religiosos, pedem para os pobres, e ficam descansados porque fizeram uma boa acção...

Não, não, decididamente, Não! Não é a caridade que eu defendo, mas é a justeza de empregos mais seguros, um real sistema educativo público e gratuito, um real sistema de segurança social e de saúde pública... Só assim se criam condições para haver menos pobres, ou nenhuns, em Portugal...

E no Mundo? Algumas notícias, algumas informações escapam-me, alguns contextos não percebo bem... Sei, no entanto que estamos cada vez mais vendidos e subservientes perante as exigências do poder económico europeu... e isso sei que não quero! Revolto-me... Vou sonhar com a justiça social e por isso, vou lutar, dentro do que me for possível!

São estas as minhas principais determinações para 2008!

Que seja um ano bom para toda a gente, que corresponda aos anseios de todos...

PAZ; JUSTIÇA; SOLIDARIEDADE; IGUALDADE; HARMONIA; RESPEITO PELOS POVOS DO MUNDO.

Olmanita